Nome Maria Elizabeth Santos
profissão dançarina
natural de Porteirinha – Minas Gerais
Elizabeth nasceu no interior de Minas na cidade de Porteirinha.e sempre gostou muito de capoeira. Um dia teve a oportunidade de praticar e aprender e decidiu que ira morar na Bahia e aprendê-la melhor e se transformar em professora de capoeira ,era esse seu sonho de jovem. Lá chegando sem nenhuma experiencia e lugar para morar,acabou sendo acolhida por capoeiristas e trocou trabalho por moradia e foi aprendendo seu oficio
Um dia em meados de 84 conheceu em Salvador, alguns artistas belgas que la estavam montando um espetáculo o grupo se chamava Plan- K e o diretor Frédéric Flamand a convidou para fazer parte do espetáculo, e vir para Bélgica com eles.
Inicialmente a proposta lhe pareceu estranha! Aonde seria a Bélgica, mas porque não ? Vir dançar algum tempo 3 meses e voltar ” Enfim o Brasil não vai sair do lugar, se não der certo eu volto”pensou ela na época, e agora,já se passaram 30 anos,isso foi na década de 80. Hoje bem habituada e inserida na Bélgica,não pensa mais em voltar ao Brasil.
Elizabeth conte para nós o que era o Plan-K para você e como você se iniciou na Bélgica?
O plan K era um grupo de dança contemporânea ,completamente diferente daquilo que se fazia, existiam movimentos variados ,procurando principalmente colocar em conexão o corpo em movimento do dançarino a arquitetura que lhe envolvia, com muitos cenários moveis, cantores, musica luzes um verdadeiro espetáculo, revolucionário na época . Eu me engajei como capoeirista e fazíamos inicialmente um numero em que eu me apresentava com o Kahora um capoeirista baiano depois substituído pelo Edi Franco, que já retornaram ao Brasil .Durante seis anos eu trabalhei com eles, viajamos muito pelo mundo todo, dançamos no Japão, nos EUA , em toda a Europa. Fiz três espetáculos com eles, dançávamos e viajávamos muito .Uma vez por ano voltávamos a Bélgica como “Memori Stop “,existiam muitos cantores que depois ficaram famosos e que começaram com eles.
Eu fazia um pouco de tudo me apresentava , mudava cenários enfim de tudo um pouco. No final desses 6 anos o estilo dos espetáculos começou a mudar procuravam dançarinos e bailarinos contemporâneos e a partir disso criaram a companhia de dança contemporânea “ Charleroi Danse” e eu parti do grupo em busca de outros caminhos.
E você parou de dançar ?
Não, eu continuava dançando em apresentações esporádicas , em eventos beneficentes para ajudar instituições , onde eu me apresentava gratuitamente com outros brasileiros e dava aulas de capoeira e também dava aulas de Samba e capoeira em todos os lugares que me convidavam. Acho que fui a primeira mulher a dar aulas de capoeira aqui.
Foi nessa época que você conheceu o grupo folclórico“Brasil tropical”*?
Sim, o Brasil Tropical tinha quadros de balé folclórico com danças tipicas de diversas regiões do Brasil, e a capoeira e fiz alguns dos espetáculos no Walibi ,que era um parque enorme e sempre existiam danças de dia e de noite para famílias crianças idosos para todo um publico variado e na maioria belga
E como você começou a dançar lambada?
Nessa época após 1986 a moda de lambada era enorme em Bruxelas e existia muito trabalho para dançarinos ,eu aprendi a dançar a lambada e fizemos um grupo com uma fantasia de baianinha e fazíamos espetáculos comerciais lançamentos de produtos. Me lembro bem do lançamento do Nescafé frapê na Bélgica,Nós confeccionávamos as fantasias ,fizemos mesmo um espetáculo em Spa-Francochamps um grande festival na cidade de SPA) eramos normalmente 4 meninas e muitas vezes tínhamos que recusar trabalho, pois não dávamos conta de tantos pedidos de apresentação. Eram casas de dança que queriam mostrar ao publico como dançar a lambada etc ,era um bom grupo de músicos e dançarinos como o Delamar o Piauí ( mestre de cuíca) Jair um dançarino e pandeirista e outros , muitas vezes uns indicavam aos outros, quando não podíamos nos apresentar.
Quando pararam os espetáculos?
Isso durou normalmente ate 1990 dai o movimento começou a diminuir e eu fui decididamente trabalhar no CPAS e não frequentei mais o meio artístico que mudou muito nesses anos. Preferi um trabalho diurno de rotina e continuei seguindo minha vida e criando minha filha, tendo assim um trabalho certo e a certeza que poderia pagar o aluguel e viver .
E você continuou aqui na Bélgica como. Você estava regularizada ?
Eu queria continuar aqui mas me sentia insegura sem ter um trabalho fixo, como eu disse o meu sonho era ser professora de capoeira eu não era e não sou uma bailarina. Eu queria um emprego fixo que me desse a segurança de salario no fim do mês, fui então procurar algo e consegui um emprego no CPAS de Anderleeck Quanto a regularização quando eu cheguei me deram uma carta provisoria de alguns anos ,e eu nunca me preocupei em trocá-la de imediato. Alguns muitos anos depois eu fui na prefeitura e troquei ela por uma outra carta amarela mais atual Na ralidade a carta de permanência definitiva eu pedi há dois anos e recebi tem mais ou menos um ano , isso depois de 30 anos aqui. Na época não havia tanto controle nem ninguém dava tanta importância para isso.
Você fala alguma língua local ?
Eu falo bem o Frances e alguma coisa de neerlandês também,apenas o básico consigo me comunicar nas duas línguas . Aprendi as duas aqui..
Sua família hoje é de belgas, e conhecem o Brasil?
Eu tenho uma filha de 15 anos cujo pai já faleceu, e era Belga, ela já foi ao Brasil quando tinha 6 anos e gostou muito, compreende e fala um pouco português e hoje eu tenho um novo relacionamento também Belga .
Sua filha gosta de dança de capoeira e conhece a cultura do Brasil?
Não, eu tentei ensinar uma época ,mas ela não gosta nem de dança, nem de capoeira, nem de esportes, já fez um pouco de atletismo , mas parou completamente, conhece um pouco a cultura brasileira, fala português, mas é bem belga em geral..
E você pretende um dia voltar ao Brasil?
Apenas para passear e ver algumas pessoas da família, eu não pretendo morar mais no Brasil eu hoje estou bem integrada e vivo bem aqui na Bélgica..