Maria Tereza Lira

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band.orangeMEUS ANOS CIGANOS:  

  Maria Teresa C Lira( depoimento)

Deixei minha terra nos anos 80 e comecei minha aventura tao inesperada e cheia de surpresas. De partida já em Portugal comecei trabalhando nos bares como cantora e de dia dormia para poder aguentar a noitada. Assim passei 3 meses até que decidi ir mais longe. Na bagagem pouca coisa, mas essencial para minha caminhada: o violão,meu saco de dormir e um chapeuzinho onde arrecadava dinheiro. Saindo de Portugal fui para a Espanha com uma vontade danada de conseguir outro trabalho e de conhecer esse mundo que me atentava tanto. Na Espanha passei umas semanas e cantei em muitas cidades, conhecendo pessoas interessantes e com muito trabalho. Passava o dia cantando e a noite arranjava uma pousada para dormir. Assim foram semanas de prazer e aprendizado. Fui assim vivendo e aprendendo. Deixei a Espanha e fui para Paris, já me acostumando coma vida de cigana e cheia de fé e coragem para aguentar o que viesse. Vivia nas ruas de Paris e sempre tinha aonde cantar. A noite ia sempre para a estação mais próxima e arranjava um cantinho para dormir. Naquele tempo os hippies dormiam nas calçadas e eu ia na onda pois economizava dinheiro. Assim foram os meus primeiros meses de vida na Europa e nessa brincadeira conheci quase todos os países cantando e realizando meu sonho. As vezes as dificuldades apareciam, mas elas nunca me enfraqueceram,pois justamente são nesses momentos que conhecemos o quanto somos fortes e capazes. De país em país assim fui vivendo, as vezes acompanhada, as vezes sozinha com meu violão. Muitas noites saia sem destino e tomava auto stop sem destino também lá onde chegava sempre encontrava alguém que me dava as mãos e me ajudava. Cheguei na Bélgica em junho de 1980, num dia de sole de muita inspiração. Nesse dia encontrei brasileiros que viviam em Leuven e ai fui cantar nos bares e fazer amigos. Uma boa recepção e uma animação danada la aonde ia. O primeiro bar que cantei em Leuven era O Tribunal, café punk e cheio de personagens estranhos,mas a musica convenceu e foi mesmo sucesso. A dificuldade maior era a língua, mas as “expressões” nesse momento valeram mais! Passei uns dias na casa de uma brasileira que fazia doutorado em Leuven e que me ajudou muito. Depois de semanas encontrei trabalho nos restaurantes como faxineira e a noite cantava também. Assim as coisas foram tomando equilíbrio e a vida se tornou mais confortável. Em Leuven participei de concertos e até fui convidada para participar de uma conferência na universidade sobre o nordeste e também cantei. Foram anos cheios de experiências e que me fortaleceram muito. Vendo que em Leuven as coisas estavam indo, comprei um livro de francês e neerlandês e comecei estudando para que eu pudesse ter uma relação mais real no meio de trabalho. Meu dinheiro era suado, mas seguro e eu nunca tive de pedir nada a ninguém . Vivia bem e como dinheirinho das minhas noitadas, eu comprava minha passagem cada ano para viajar a Recife. A saudade era grande e quando batia ai eu cantava e meu coração batia mais feliz. Nunca fiz projetos, mas sempre carreguei comigo a esperança, e isso já era o suficiente para mim. A partir de Leuven comecei a conhecer o pais e os habitantes e também a me relacionar com os estrangeiros que conheci e que também me ajudaram. Depois de anos e de uma experiência enorme, a vida tomou outro rumo e decidi que era necessário começar outro sonho e começar a escrever outra pagina no meu livro. Hoje desenho os sonhos que tive, que realizei e que ainda vou realizar Maria Teresa Costa Lira 09-04-2012

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