Regina S Barbosa

re      Regina S.Barbosa

origem :Rio de Janeiro

na Bélgica desde 2005

No ano novo de 2000, eu decidi que ia modificar minha vida, estava cansada de tanto trabalhar e ver o tempo passar,sem que nada de novo acontecesse. O corre corre do dia a dia :casa ,trabalho, casa, com uns partos de madrugada, e com alguns finais de semana prazerosos com os amigos e outros de plantão, já estavam cansativos e monótonos.

A primeira decisão foi :Vou viajar a Europa! Quem sabe recuperando os passos dos ancestrais Portugueses eu pudesse encontrar algo de novo no horizonte? Decisão tomada, procurar companhia , pois viajar sozinha ainda não era possível, uma grande amiga que adora viajar topou, ainda discutimos o roteiro, Canadá ela dizia , Portugal  diria eu, e estava categórica, vou voltar a uma das minhas origens.

E em Agosto 2000, fomos nós, numa viagenzinha chatinha de uma excursão insuportável ,que só mostrava: igreja, restaurantes e alguns pontos turísticos daqueles mais óbvios impossível. Eu nunca na vida pensei em imigrar, queria apenas aventuras, e com tal pensamento encontrei uma pelo caminho. Essa rendeu uma Paixão daquelas com P maiúsculo, para sacudir as estruturas, e como sacudiu! Dai começou a vontade de migrar , de recomeçar a viver num país diferente, com mais segurança que o Rio de Janeiro na época.

Não se pode negar ,que quem já tinha sofrido como eu uns 3 assaltos e um ” sequestro relâmpago”, adorei a sensação de viver sem ter medo e pânico o tempo todo,de viver a tal paixão, e de dar melhores condições de vida e segurança a mim e a minha filha.Era tudo um sonho cor de rosa..

E como todo sonho, um dia você acorda!Em Lisboa, 2 anos depois de muitos altos e baixos, de malas e cuias na mão,para tentar ficar 3 meses, dar entrada em equivalência de diploma, tentar uma vida em comum, e descobrir que o príncipe tinha virado sapo.

Mas nem sempre no dia seguinte o pesadelo se repete, você pode encontrar saídas! Encontrar outras pessoas que não pertencem aos contos de fadas, que são reais, companheiras ,amigas ,amada e amante. Deixar algumas das malas, recolher as cuias e os pedaços . Recomeçar a aventura e vir conhecer a Bélgica, da qual na época eu só sabia que era o país do Hercule Poirot e do Tim Tim ,a literatura como sempre na minha vida.

De 2002 a 2005 foram varias pontes aéreas, muitos chocolates e flores, nenhum “pesadelo” a mais, porem mais um assalto  e dessa vez  também compartilhado, iniciei o Belga na violência urbana do Rio de Janeiro, uma hernia de disco de tanto stress, uma aposentadoria forçada e uma tomada de posição. Vamos para a Bélgica!

Essa foi a chegada definitiva,em 2005, com ao menos 40 kg de bagagem o que é bem pouco para uma vida de mais de 50 anos , se vocês calcularem bem ,dá menos de 1 kg por ano . Logico que a bagagem ” virtual” é bem maior que essa, Foram 30 anos de medicina, mais de mil partos acumulados, e muitos clientes chorosos. Foram mais de 10 anos de um relacionamento estável, do qual frutificou uma maravilhosa filha, que também se juntou a nós.

Foram muitas duvidas quanto a vinda:”Ir ou não Ir eis a questão?” Seria lógico deixar para traz tanto esforço, tanto trabalho, tantos amigos, parentes, e realizações , para recomeçar do “zero”?Aqui nesse pais frio e longínquo,cheio de chocolates e batatas fritas?

 E principalmente seria valido, estruturar um novo relacionamento depois de tantas tentativas infrutíferas anteriores? Enfim, “o coração tem razoes que a própria razão desconhece,” e para saber ,antes de mais nada ,é preciso ter coragem. Esse arroubo de       ”  envelhescência” que tanto lembra os arroubos da juventude  tem muito a ver com o trajeto dos capricornianos, que dizem nascerem velhos e vão aos poucos se tornado jovens.

Por isso tudo eu já estou aqui, fazem  anos… ,e depois de passar por todas as fases de adaptação, acho que as batatas fritas são mais saborosas e os chocolates também ,e que viver é não ter a vergonha de ser feliz …seja no cinza Bélgica ou no calor do Brasil. E que quando se tem vontade e coragem ,pode-se começar sempre .

Fazendo coisas novas,como a OCA asbl , falando uma língua nova ,difundindo um pouco daquilo que se gosta , a literatura e a cultura do Brasil. Fazer novos amigos, não esquecer dos antigos,viajar e conhecer sempre mais algum lugar, e não pensar muito ,onde e como, vai ser o futuro. Espero que os meus netos não falem apenas japonês , vai ser difícil aprender mais essa língua. Mas vou contar historias e ensinar português a eles

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