Alda Inácio

alda inacio band.yellow (1) Alda Inácio

Entrevistamos a escritora e professora Alda Inácio que morou na Bélgica durante 12 anos e acaba de lançar um livro chamado “A vida na Bélgica” que se compõe de historias de vida, sobre todo esse tempo que aqui permaneceu.

Algumas de suas histórias são bem alegres e algumas tem uma ponta de tristeza e nos mostram o que é ser imigrante, e todas as dificuldades e facilidades que isso pode nos trazer. Mas, são através  dessas experiências que podemos conhecer um pouco melhor a história da nossa imigração, rir e chorar com ela, e retirar muitos conhecimentos sobre a vida dos brasileiros no exterior.

O livro de ALDA está sendo disponibilizado pela editora brasileira Perse, no site:

 http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1358540379046

 Lá você pode adquiri-lo e ler integralmente todas as suas histórias, conhecer também um pouco da Bélgica e ter a sua visão do povo belga. O livro trás dicas de viagem, turismo, compras e curiosidades..

ALDA INÁCIO

Por que a migração e por que a Bélgica?

O livro conta em detalhes no finalzinho do livro, fazendo uma inversão de tempo; inicio o livro com a partida e no final conto as razões da partida. Fiquei sabendo sobre a Bélgica no Fórum de Goiânia, quando fui assinar o divórcio. Sentei ao lado de uma mãe e seu filho de 12 anos. Ela foi ali pedir autorização judicial para o menino ir com ela para a Bélgica. As razões que me fizeram decidir partir eu tomei 4 meses depois desse encontro e foram muitas: baixo salário, desilusão familiar, busca de nova cultura.

Como se deu a vinda para a Bélgica, escalas, financiamento de passagens…

Parti  no dia  10 de outubro de 1997, sem escala, passagem financiada em 10 vezes.   

Onde foi morar e por quê?

O livro conta em detalhes: eu tinha uma única diária de hotel e no dia seguinte fui para um albergue.

Quais os laços de família que estão na Bélgica? Algum deles veio com você ou após sua estada?

Tenho minha filha na Bélgica, uma neta com 7 anos e um neto com 3 meses. Minha filha foi para a Bélgica dois anos e meio depois que eu já estava lá.

Quando chegou qual a sensação, do local, e de ser estrangeiro?

Fui para um hotel perto da Gare Louise e ali no centro tem comércio pequeno, de portinhas, como falo no livro, me pareceu estranho. Imaginava tudo muito grande. A sensação era muito boa, eu queria conquistar meu pé de meia e naqueles primeiros dias eu era pura esperança.

 Essa sensação melhorou com o tempo de permanência? E por quê?

Não, pelo contrário, tive momentos de bastante desilusão. Mas não me deixei abater pela desilusão e programei na ponta do lápis o dia e hora da partida. Tudo aconteceu como planejado.

Aprendeu alguma língua?

Sim falo e escrevo fluentemente o francês.

Quanto tempo depois se sentia capaz de entender e ser entendido?  Você acha importante o aprendizado das línguas locais?

Eu aprendi sozinha, lendo no dicionário. Pegava uma palavra por dia e destrinchava a palavra em todos os sentidos. Tive muita dificuldade, fui ajudada por patrões e as palavras que tive mais dificuldade para pronunciar foram água (l’eau) e rua (rue). Acho importantíssimo aprender línguas, não tenho dúvidas.

Relações sociais: Teve amigos aqui belgas, ou apenas brasileiros ou outros?

Amigos a gente sempre conta nos dedos, tive dezenas de conhecidos, gente da igreja, e quatro grandes amigos belgas, um senhor Flamand e duas senhoras Flamand, uma artista plástica brasileira, uma das senhoras Flamand foi patroa, os outros foram aproximações casuais e viraram amigos de verdade.

Como fez amigos e onde?

Eu participei durante anos dos Cafés Filosóficos no Cercle, no Verre d’eau, eu participei algum tempo da igreja brasileira.

Que estudos realizou no Brasil? Exerceu sua profissão?   

Entrei em 3 universidades e não concluí nenhuma. Letras, Economia e Filosofia. Sou muito inquieta. Sinto-mehors concours, mas sem ostentação, nem altivez. Aqui onde moro, alunos de universidade me procuram par auxiliar em interpretação de textos, gramática… Sou autodidata, no que sinto muita satisfação. Fui professora enquanto fazia Filosofia. Fui diretora de escola enquanto fazia letras. Larguei tudo para ir para a Bélgica.

E na Bélgica você conseguiu reconhecimento dos seus estudos?

Fiz hautes études em Filosofia aí, mas sem diploma. Não fui para a Bélgica estudar e sim ganhar dinheiro.

 

livro alda

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